terça-feira, junho 05, 2007

O olfacto e a memoria

O olfacto e a memoria

Ontem fiz arroz malandrinho  de feijao para o jantar.
Quando me sentei a mesa e cheirei o arroz, algo de muito estranho se passou - senti que estava em casa. Casa-casa, e nao esta lufa-lufa em que vivo. Casa-casa, com os pais, as gatas e os caes.

Nesse momento perguntei-me a mim propria o que aconteceria se fechasse os olhos e cheirasse outra vez o arroz de feijao. E aconteceu exactamente o que eu esperava: de repente nao havi nada disto. Nada de Londres, nada de Elvis, nada de estamine, nada de avioes semanais, nada de stresses, nada duma vida que eu as vezes nao sei se consigo descrever totalmente como feliz. Fechei os olhos e estava em casa e nada dos ultimos 8 anos se tinha passado.

Consegui claramente sentir o cheiro dos meus pais e das minhas gatas. Nao senti o cheiro de mais nada, porque depois a realidade resolveu interromper-me outra vez. A realidade, as vezes, e brutal.

12 comentários:

Joao disse...

:) arrepia ler. E o arroz ficou bom ?

acad disse...

Os cheiros são as melhores e mais emocionantes memórias que guardamos!... Mesmo que tenhamos uma excelente memória visual, quase fotográfica, nada nos reporta mais facilmente e melhor para um local ou situação do que um cheiro familiar... E quando se está longe deles, quer no tempo, quer nos kilómetros, é tão bom!

Cool Mum disse...

snifff....

Luísa disse...

É assim quando se está fora. Pequenas coisas que antes não davamos importancia tornam-se "links" para a casa-casa (não sei se me explico bem).

Eu também tenho uma memória olfativa muito forte. Os cheiros transportam-me muitas vezes para outros lugares e outros tempos.

BEijinhos

Amélia do Benjamim disse...

Tiveste um momento muito bom.
Gosto de arroz de feijão com peixe-espada frito, salada de alface com sal, azeite, cebola, limão e orégãos, e vinho verde fresco. Não são raras as vezes que, mesmo aqui, em Libosa-Portugal, me sento à mesa e com um manjar destes à frente, eu, herege me confesso, não é igual ao que a minha mãe fazia... não tem o cheiro dela... a home...
Beijinhos

anne disse...

:D
Eu queixo-me dos meus pais muitas vezes,mas a verdade é que não me vejo assim, a morar tão longe deles.

Actriz Principal disse...

Como te compreendo!

Anónimo disse...

O cheiro e o sentido que nos traz mais memorias. Entendo-te bem.

Dizes que nao descreves estes ultimos anos como totalmente felizes. Duvido que os anteriores tambem o tenham sido na totalidade.
Quanto a realidade brutal, nao ha mais nada a dizer. Para isso ca estao os amigos.
Beijos

Mocho Falante disse...

Espero que o sabor do arroz ao menos te tenha ajudado a voltar a esse estado de bom espirito...sei lindamente do que falas e do que sentiste

beijocas

R de Regina disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Mae Frenética disse...

Um beijo, minha CK

Mae Frenética disse...

Outro dia num casamento de amigos de longa data, pus o meu perfume de sempre, e senti alguem por cima do meu ombro dizer: "pelo cheiro, so podias ser tu"
Gostei de ser lembrada assim.