terça-feira, agosto 31, 2010

11

La por eu nao ter falado nisso nao quer dizer que neste fim de semana nao tenha passado o 11 aniversario da minha chegada ao UK....

11, porra, 11!!!????

segunda-feira, agosto 30, 2010

Esta convertido

Ontem, estava eu a arrumar uns copos na sala, e ouvi o meu marido falar. Como ele ainda nao perdeu a tramontana de vez, resolvi ouvir com mais atencao pois nao me parecia que estivesse a falar comigo. De facto nao estava.

Estava numa conversa com alguem que nao lhe respondia. E com uma voz mansinha - mansinha.
Nao e que o Elvis estava a falar com a gata B.?????

O mesmo gaijo que me insulta de meia noite a dizer que a gata nao fala portugues, estava a falar com a minha gata.

domingo, agosto 29, 2010

Prueba superada!

Cartoon illutration for flyer - normal curtain

Passei 2 horas a pendurar roman blinds com o meu marido (estores?).
Duas horas em que confesso que pensei diversas vezes que quica, haveria alternativas mais faceis. Duas horas em que pensei diversas vezes, fuck-man-fuck, caralho-man-caralho.

No entanto tenho a dizer, meus carissimos e minhas carissimas, que superamos a prova, tal como no Jogo do Ganso. Isto e, penduramos as putas das cortinas sem nos termos que divorciar no in-between.

A Fren costumava dizer que em casa dela nao havia paz podre. Caralho, ca em casa nao ha e PAZ!

quinta-feira, agosto 26, 2010

Lost in Translation

Lost in Translation

E como eu e a minha colega nos sentimos.
Todos os dias, das 7 as 12, estamos a ligar para o Japao. Aqui fica uma amostra:

CK - Bom dia, posso falar com xxx-San
Xxx-San - hoooooooho hooooooooooho (pumf)

Sendo que pumf = bater-me o telefone na cara. Este episodio passou-se ja 3 vezes, donde conlcuo que o gaijo nao fala ingles.

Colega - OLAAAAAAAAAAA! Fala a xxx do estamine XYZ
Japones - Ah sim, mas nao pode provar!
Colega - Desculpe?
Japones - Nao pode provar que e a xxx do estamine XYZ
Colega - Mas nos enviamos-lhe um convite, ontem as 3 da tarde hora local
Japones - quero la saber, podia ter sido alguem a dizer-lhes , isso nao prova nada.

(colega manda email com os contactos e volta a ligar)

Colega - Olaaaaaaaaa! Fala a xxx do estamine XYZ
Japones - Ah. Voce provou. Voce provou que trabalha para o Estamine XYZ. Agora osso falar consigo


Ha tambem outras vezes em que nos poe em speaker phone do lado de la com a colegada toda a ouvir, enquanto se partem a rir na nossa cara.

Ja os meus colegas aqui em Londres tem mantido as manhas relativamente descoupadas pra poderem ouvir a nossa comedia Japonesa matinal.

O que eu nao achei piada nenhuma, palavra de honra, foi quando hoje me fartei depois de 7 telefonemas em que tinha conseguido falar com alguem (exlcuindo os outros 40 falhados), me levantei pra ir buscar um café, e o casal a minha frente na fila era Japones e o gaijo nao falava um ponta dum corno de ingles. Palavra de honra, so comigo.

quarta-feira, agosto 25, 2010

Lets talk about the weather

Lets talk about the weather

Que e o que estes gaijos daqui fazem, falam to tempo.
O que eu temia no trabalho, aconteceu.
E agora e andar pra frente, que nesta vida ha que beijar muito sapo ate se encontrar um principe.
Upwards and onwards, como se diz por aqui.
E falando do tempo, estamos em Agosto e estou de collants e com um vestido de la, sem mangas, mas de la. Alguem acredita nisto.

Ps - Que nao me aconteca mais hoje porque estou aqui pequenina-pequenina, a conter as lagrimas. Isto e, verdadeiramente, uma diarreia de acontecimentos.

quarta-feira, agosto 18, 2010

Anther episode of The Office, ou com diria o Almodovar:¿Qué he hecho yo para merecer esto!

Entao e assim:


Ele novo chefe de outro departamento
Eu num continente, ele no outro
Ao telefone
E ao fim de 45 mins de conversa de xaxa - ou chacha, que eu neste momento estou tao zonza que ja nao sei nada - diz-me assim: entao vaos falar agora das reporting lines, ie, da chefia. Estivemos a falar e acho que nos vamos passar a ser os teus chefes.

pequeno aparte: Nos = gente horrivel, mesquinha, que trata tudo abaixo de cao, que nao tem etica de trabalho, que nao e respeitado nem fora nem dentro da empresa. Nos, by the way, nao inclui o meu chefe.

E assim fiquei eu a saber, que o meu sexto sentido esta mais apurado que nunca. E fiquei tambem a saber que ha um monte de corja que me anda mesmo a tentar esticar o tapete e por a mao em cima. Assim. Como quem diz, olha la, ja que vais ao supermercado compra tambem batatas. Assim, como quem nao quer a coisa. E fiquei a saber que ha gente que tem audacia de tomar decisoes sobre pessoal sem sequer falar com os chefes do pessoal.

E eu fiquei com vontade de:
a. pegar num taco de baseball e partir as janelas todas
b. depois de tudo partido, desatar a chorar.

Obviamente que nao fiz nada disse, mantive a calma, expressei o meu concern. Mas o futuro nao esta nas minhas maos.
O que tem piada e nao terem sequer falado com o meu chefe sobre isso (sendo que o meu chefe nao e um meia lecas qualquer, o meu chefe ate e um gaijo bastante importante no estamine.)

E se a razao me fez pensar que tenho que manter a calma e esperar pra ver, que ja dei a minha opiniao e nada mas ha a fazer, que o mundo e feito de mudanca, que nada se perde e tudo se transforma, sim, deois de pensar em tudo isso, liguei a duas colegas sabias e resolvi fazer estrategia.

E agora fico aqui, a espera que tudo se desenrole. Os clientes amigos dizem que ninguem se vai atrever a tocar-me, porque na verdade o negocio em que eu estou nao existia se nao fosse eu, que sou mais conhecida que o tremoco, etc e tal. Eu ca nao acho q seja assim, acho que hoje e dia estas empresas grandes faze o que lhes da na telha e a gente e so mesmo mais um macaquinho. Os colegas importantes ofereceram-se para fazer lobby e protestar, bless them. Pois eles sabem bem que se eu nao estiver la, nunca mais chegam onde querem chegar com certos clientes....

Nao, nao e que o eu emprego esteja em risco. Mas a minha progressao na carreira, o $ no fim do ano, e acima de tudo, a minha felicidade e realizacao profissional, essas sim estao e causa. Ate porque eu se nao estiver convicta do que estou a fazer, nao ha volta a dar....

Enfim, esperar pra ver. E Fingers crossed. Mas que me sinto que nem a Carmen Maura, ai isso sinto!

terça-feira, agosto 17, 2010

Mad men

Mad men

Nao e preciso ser louco pra trabalhar nesta chafarica em que eu trabalho. Mas que ser louco ajudaria bastante na manutencao do meu bem estar psiquico e na saudinha fisica dos que me rodeiam, ai isso sim.

E que as vezes da vontade de pegar no taco de baseball e partir esta choca (leia-se chossa) toda. E depois esperar que a coisa acalmasse, e dar a segunda rodada com o taco, pra ter a certeza que nao ficava nadinha de nada em pe.

Tenho dito, carago, tenho dito.

sábado, agosto 14, 2010

Do you like Pina Coladas?

Ha pouca gente que nao a conheca. Mas se calhar nunca pararam para ouvir a letra com cuidado.
Uma vez, algures parada no carro a epsera que o meu marido fizesse nao sei o que, la passou a musica na radio. E dessa vez ouvi cada palavra.

E fez tanto, mas tanto sentido. Esta musica lembra-me muito o meu marido. Nao tanto por ele adorar Jimmy Buffett, mas por causa do sentido todo que faz. Sentido esse que as vezes a gente nao consegue ver. Mas que depois, de repente, sem por isso esperar, tudo fica claro como agua.





Escape (The Pina Colada Song)

I was tired of my lady, we'd been together too long.
Like a worn-out recording, of a favorite song.
So while she lay there sleeping, I read the paper in bed.
And in the personals column, there was this letter I read:

"If you like Pina Coladas, and getting caught in the rain.
If you're not into yoga, if you have half-a-brain.
If you like making love at midnight, in the dunes of the cape.
I'm the lady you've looked for, write to me, and escape."

I didn't think about my lady, I know that sounds kind of mean.
But me and my old lady, had fallen into the same old dull routine.
So I wrote to the paper, took out a personal ad.
And though I'm nobody's poet, I thought it wasn't half-bad.

"Yes, I like Pina Coladas, and getting caught in the rain.
I'm not much into health food, I am into champagne.
I've got to meet you by tomorrow noon, and cut through all this red tape.
At a bar called O'Malley's, where we'll plan our escape."

So I waited with high hopes, then she walked in the place.
I knew her smile in an instant, I knew the curve of her face.
It was my own lovely lady, and she said, "Oh, it's you."
And we laughed for a moment, and I said, "I never knew"..

"That you liked Pina Coladas, and getting caught in the rain.
And the feel of the ocean, and the taste of champagne.
If you like making love at midnight, in the dunes of the cape.
You're the love that I've looked for, come with me, and escape."

"If you like Pina Coladas, and getting caught in the rain.
If you're not into yoga, if you have half-a-brain.
If you like making love at midnight, in the dunes of the cape.
You're the love that I've looked for, come with me, and escape

sexta-feira, agosto 13, 2010

Rio, 40 graus (well, not really)

E assim se esta mais um dia.
Ainda nao sao 11 da matina e a porra da sexta feira ja me parece que durou tanto como uma semana inteira. Vejamos:


1. Marido a chamar histerico ontem a noite. Pensei que fosse para eu ver as habilidades dele com a gata N (uma vez que a gata B esta onde eu estiver. ONDE. EU. ESTIVER. Nem que onde=retrete. A gata acha q e cao. Ate abana o rabo quando eu chego a casa. Agora esta em cima do computador, Nao ao lado, mas em cima.) Dizia eu marido histerico.

2. MARIDO ESTA HISTERICO PORQUE GATA N ESTRAGOU O TAPETE PERSA NOVO. tapete esse que foi caro. Gata essa que nao liga pevide ao meu marido. o Elvis ameacou a gata de lhe retirar as unhas. eu disse-lhe que eu tambem nao lhas retirava a ele, quanto mais a ela. Marido nao entendeu. Gata N ficou fechada na cozinha a noite toda. E agora, ou deito fora o marido ou a merda do tapete, a gata e que nao que ja levamos 14 anos juntas, e com o meu marido so 9 anos e com o tapete nem duas semanas. Puta que pariu o tapete. Honestly.

3. Marido roncou a santa noite toda. Eu nao dormi. Nao sei se ja tinha dito que me custa dormir? NAO DORMI.

4. As 6 da matina houve que levar o marido a estacao.

5. Mal cheguei a casa emborquei dois cafes e estou a ligar pra Tokyo ha 3 horas. Fantastico, gente sociavel, E pena nao falarem uma pevide de ingles e eu nao perceber um corno de Japones. Moshi Moshi.

6. Palavra nova - CORIBAKOKE. Ao fim de algumas chamadas entendi. CALL ME BACK OK? Puta que pariu os japoneses. Puta que pariu a minha cabeca e a ideia peregrina de la porque ha uma porrade de dinheiro no Japao eu me tenha que meter no meio pra ajudar os meus clientes.

7. Turns out que se calhar nao vou so ter que ir ao japao em novembro, mas antes tambem em setembro. Porque estes gaijos nao falam um puta duma onda de ingles. Nao sei se ja tinha mencionado esse facto. E como diz a fren, o-i-o-ai quem se fode e o mexilhao. Quero ver o compreensivo do meu marido compreender que vou ter que fazer 3 viagens intercontinentais em 2 meses. Quero ver. Assim tipo, sei la o Sao Tome. ver pra crer.

8. Estou ainda de pijama no meu escritorio em casa. Chegou o electricista. Nao sei se lhe bata ou se lhe de um beijo.

9. Tenho uma reuniao com um dos meus chefes e um cliente aqui a beira de casa. O chefe sugeriu que eu o fosse buscar a estacao. Eu disse que sim mas que nao aceitava criticas nenhumas sobre a minha conducao. Pedi-lhe pra trazer o capacete e fechar os olhos quando eu estacionar o carro - assim tipo, mais ou menos, faz o meu marido.

Ainda so sao 10.47 da manha. Porra. E nao estou no Rio, e nao estao 40 graus. E nao estou a ouvir a Fernanda Abreu.

quinta-feira, agosto 12, 2010

It sucked and then i cried, but no, i didnt get a much deserved Margarita yet

Pra quem nao andar nisto dos blogues de mulher, o titulo do post deve ficar um bocado aquem.
E se o comment da Cassandra me precipitou a escrita outra vez, a verdade e que vontade nao tem faltado, tem e faltado energia.

E que se ao contrario da Heather eu nao tive um very public breakdown (alias recomendo bastante a leitura do livro dela, nao pela qualidade da escrita, mas sim pela honestidade brutal, coisa que falta a muita gaija que eu conheco) ja dizia eu, se eu nao estive na situacao da Heather, a verdade e que desde o dia 9 de Abril de 2009 que a minha vida parou. E a minha familia desmoronou. E neste processo perdi o "meu pai de sempre" - que pra quem e lento e ainda nao entendeu nas entrelinhas, teve um AVC brutal e nunca recuperou, e esta numa cadeira de rodas e esta tambem com demencia - PRONTO, DISSE - DEMENCIA DEMENCIA DEMENCIA DEMENCIA.

Eu ca nao quero parecer ingrata, porque estou muito grata a Deus ou a seja la quem tenha sido que me tenha permitido ficar com o meu pai, apesar de nao ser o pai de sempre, mas a verdade e que tudo parou, tudo cessou, tudo desmoronou a minha volta. A vida parou de ser vivida, tudo parou de ser sentido. E quando eu digo que parou, e porque parou mesmo. A unica coisa que continuou foi o trabalho, a um ritmo intenso. Houve dias em que passei 12 horas em pe no hospital, seguidas de outras tantas no computador e ao telefone pra outro lado qualquer do mundo. E a volta do meu pai foi-se desmoronando tudo. Quando eu digo tudo, e MESMO TUDO. Acho que a unica coisa que ficou intacta foi a minha vontade galopante de comer Ben and jerrys (alias, o que sera obvio pra qualquer um que olhe bem pro tamanho da minha traseira nos dias que correm).

Neste tempo houve ataques de zona, houve doencas mil, que o corpo e mais esperto e queixa-se. Houve tentativas de ginasio e exercicio que falharam. Houve viagens mil, que ai-credo-deus-nos -livre de eu deixar alguma coisa afectar o trabalho. Ai credo Deus-nos livre de eu deixar alguma coisa afectar a rganisacao da casa nova, ou a hora a que o meu marido janta ou o carago a quatro. Houve viagens aos EUA com dias e dias de 15 horas diarias de trabalho, e em que caia na cama ainda calcada. Houve mil viagens a Portugal, MIL. Dias e dias sem dormir. Dias e dias a chorar no aeroporto nos regressos. O que quer que eu fizesse nunca, nunca era suficiente. Nunca. Um sentimento de impotencia brutal e uma incapacidade muito grande de parar, porque o que quer que eu fizesse nao me parecia suficiente, se calhar porque os que me rodeiam nunca souberam muito bem dize-lo, porque os que me rodeiam, apesar de serem de ferro, nao dominam a arte de fazer o gaijo do lado sentir-se bem, sentir-se achieved. Isto tudo somado a incapacidade de perceber porque e que uns certos dois desgracados tinham que fazer o que fizeram e fazer com que o MPDU ficasse no estado em que ficou. Porque como disse a Altinha Pintona, as 5 da manha do dia 10 de Abril de 2009, no aeroporto de Gatwick, "tanto que o tentaram matar, que quase conseguiram".

No meio disto tudo enterrei a minha gata, e no mes passado a cadela tambem - porque apesar de nao ser minha, era dos meus, e se eu tenho pouca energia entao os que me rodeiam tem ainda menos. E a caminho do veterinario la fui eu a chorar, a pensar que carrasco que era. E no veterinario la estive eu a chorar, mas o que me vale e que o veterinario ja e da familia, e aos quase 34 anos eu ja perdi a vergonha quase toda. E cada vez que regressava, naquele maldito aeroporto, muito chorei eu. E muito pouco dormi no regresso. E muito me atirei ao trabalho pra esquecer tudo isto, muito esfreguei a casa, muita cortina pendurei e muito cozinhei. Porque parar e pensar, e eu nao posso pensar em tudo isto porque dou em doida. E tao pouco dormi, e tao pouco dormi. Ai se nao fosse a quimica pra eu conseguir dormir, nao sei o que seria de mim!

O mais admiravel e so ter havido duas pessoas no mundo que o tivessem visto voluntariamente, e nenhuma delas e de familia (Caralho, ha que ser engano, certamente seremos familia mas ainda nao o sabemos - a Baldrocas Larocas e a Mae Frenetica, Fren pros amigos). Foram elas as unicas que me conseguiram dizer que nao, que o que eu estava a fazer nao era a minha obrigacao, e mais ainda, era muito pra la do meu dever ou de qualquer sentimento de obrigacao moral. Isto veio de duas amigas, e nao do meu marido.

Do meu marido - ATENCAO, marido este que eu muito estimo e ao qual me apetece partir a cara pelo menos 500 vezes por dia, mas sem o qual eu nao conseguia viver porque gaijo como este nao ha, todos os que prai andam sao piores que ele, nao ha ca marido como o meu - mas dizia eu, do meu marido o que eu ouvi e que ele vinha em quarto lugar, depois dos pais, depois do trabalho, depois das gatas. Pois o desgracado nao consegue ver que os unicos seres que me fazem sentir bem e feliz sao aquelas gatas???? Anyway, marido este que me diz isto e me deixa em pedacos. E, nao fosse eu quem sou, la passo eu mais uma noite a solucar, e soluco tanto que perco a voz, e passo dois dias afonica, e levo uma tanga do carago no trabalho e os clientes me mandam pra casa porque reunioes com voz tipo cochicho nao dao la jeito a ninguem. Sim e no meio desta merda tda, o meu marido vai fazer 40 anos e ta com uma puta duma crise de meia idade, e como dizia a fren, o-i-o-ai quem se fode e o mexilhao. Porque ele pode andar com crise e pode trabalhar muitas horas, mas isso tambem o faco eu, e quando chego a casa nao tenho ninguem que me ponha a puta da comida na mesa, mas ele tem! Sim! Ele tem! Porque a mulher dele, apesar de estar a beira dum ataque de nervos, apesar de nao ser a mulher tipica, porque nao e gaija de ficar em casa a tratar de filhos, porque nao e gaija que ache que as criancinhas sao bilu-blu, muito pelo contrario, sim essa gaija que e mulher dele assegura que tudo funciona a volta dele, que ha comida no frigorifico, que a casa esta limpa, e que quando vai pra fora a maior parte dos jantares da excelencia estao cozinhados. Enfim.

E pronto, quase aos 34, chego a conclusao que e muito dificil ser tudo. Que ninguem tem tudo, a nao ser que seja a custa de outra pessoa. Que se eu dou tudo a todos a minha volta, nao fica nada pra mim.

E hoje, as 6 da manha, quando me ARRASTEI da cama, ARRASTEI no verdadeiro sentido de ARRASTAR, e me arranjei pra ir trabalhar, e quando atirei o fraco novinho em flha da puta da base da Clinique para o chao, partindo-o e mil bocados, cagando a puta da parede azul do quarto de banho, cagando as calcas brancas de linho e a camisa amarela mostarda de seda que tinham sido acabadas de limpar a seco, nesso momento decisivo da minha vida, em que eu estava de joelhos no chao da puta da retrete a esfregar a maldita parede azul e a pensar simultaneamente - raismepartam se volto a ter quarto de banho com paredes pintadas, alguem que me castigue no proximo quarto de banho sem azulejos, palavra de honra - pois foi nesse momento decisivo da minha vida que pensei, caralho pr'esta merda toda, hoje nao vou pro escritorio porque eu nao posso mais. E assim, depois de ter espatifado uma porrada de dinheiro antes das 7 da matina em base e lavandaria, decidi que hoje era eu primeiro, e que eu nao tinha que me meter naquele comboio pra ir pro trabalho, e fiquei a trabalhar de casa. E foi tambem nesse outro momento decisivo da minha vida, ao fazer o jantar pro meu marido, que quando ele disse que a parede nao estava la muito azul, eu lhe levantei a panela do forno cheia de tomate frito e lhe perguntei se queria que eu a pintasse outra vez, ao que ele calou e nao bufou.

E por isso, voltei ao blogue. Porque dias como hoje tive eu muitos no ultimo ano e meio. Dias em que espatifei o carro, em que parti sapatos, em que andem com roupa do avesso no escritorio o dia todo sem dar por ela, em que fechei a casa com as chaves la dentro e com o meu marido noutro continente.
Voltei porque quero recuperar a capacidade de me rir com estes pequenos desastres que me acontencem.
Voltei porque quero recuperar a capacidade de me rir.