Depois de ler atentamente os comentarios ao post de ontem, que agradeco, assim como agradeco os diversos leitores que por ca passaram, queria clarificar umas coisitas.
1. O Porto nao e Lisboa. Ha imensa coisa que existe em Lisboa mas nao no porto - Taxis de transporte de doentes, por exemplo.
2. O Porto nao e Vila Nova de Famalicao. Ate a porra de famalicao, no cu de judas, tem taxis de transporte de doentes
3. Sim, ha hospitais de servico nacional de saude de cuidados continuados. No Hospital de Santo Antonio havia gente que estava ha 6 meses a espera de la entrar, para os tais hospitais. Pra quem nao sabe, um doente com AVC tem que comecar fisioterapia o mais rapidamente possivel, sob o risco de nunca mais se mexer. Portanto os 6 meses nao dao mesmo.
4. Eu ca nao me importo de pagar. Gosto e que me oferecam um bom servico, quando estou a pagar. Infelizmente nao e o caso de muitas instituicoes Portuguesas ligadas a saude.
5. Sim, no Porto ha quem va a casa tratar de doentes. Alias, as enfermeiras dos hospitais privados todas oferecem os seus servicos, tao queridas que elas sao, em concorrencia com o hospital e durante as suas horas de trabalho. Custa o mesmo pra irem a casa dum doente passar a noite como custa o melhor hospital privado do Porto.
6. Eu nao me estou a queixar. Mais importante, eu nao me estou a queixar por estar nesta situacao. Porque eu posso. Nos podemos. Pelo menos por agora. Mas e se a coisa piorar? E aqueles que nao se queixam? Por isso e que eu acho importante que se viva a vida como se tivesse experiencia de certas situacoes apesar de nao se ter. Nao tenho filhos, mas nao vejo uma gravida sem me levantar do autocarro ou metro ou o carago a quatro. Vejo uma pessoa a cair das escadas e la vou a correr ampara-la. Hoje e ela/ele, amanha posso ser eu. Vejo velhinhos/as em pe, e levanto-me logo. Assim como me levanto para seja quem for que nao consiga mexer um pe ou uma perna. Porque se um dia for eu, vai-me custar muito estar em pe nestas circunstancias. E nao paro o carro em sitios de gravidas ou deficientes. Tanto que outro dia, eu e a MMDU andamos meia hora a procura de lugar pro carro num hospital, porque os lugares eram todos de deficientes. Depois chegamos a conclusao que nao, os anormais tinham mudado o parque e pintaram por cima. Ou seja, os lugares que agora eram de deficientes tinham cadeirinhas pintadas de fresco, os outros que nao eram, ainda la tinham as cadeirinhas antigas pintadas....So depois e que nos apercebemos disso. (Mais uma vez, deficientes sao os gaijos que pintaram o parque).
E por isso indigno-me.Porque ha que indignar. Porque ha que dizer que nao esta certo, apesar de eu poder arranjar outra maneira de resolver as coisas. Mas ha gente que nao pode. Ha gente que nao manda o gaijo da Taxis invicta a merda. Ha gente que nao diz aos medicos que se fazem favor falam com maneiras, que la por terem ido pra faculdade de medicina nao sao superiores. Ha gente que chega ao supermercado, gravida e com criancas ao colo, e nao manda vir com o cabrao que lhe tirou o lugar, cabrao esse que tem pila e nao traz criancas ao colo, e que por natureza nao pode estar gravido, tem apenas o cu pesado e custa-lhe carrega-lo.
E porque ha muita gente que se cala, eu nao me calo. Apesar de nao ser eu a beneficiar da questao.
Tal como nao me calei, nem se calou a Lauralou, quando um idiota a semana passada mandou uma piada racista pra uma lista de contactos de milhares de pessoas. Nao tinha piada, nao o deveria ter feito. E ate pode ser o rei da cocada preta, mas vai provavelmente ser despedido. E eu nao sou preta, negra, African American ou o carago a quatro. E podia-me calar. Mas nao me calo. Tal como nao se calou a Lauralou. E se lhe podera vir a custar o emprego, azar, ela ja venceu um cancro do utero, o que e o desemprego comparado com isto.
Em suma, ha que falar.Ha que nao calar. Ha que ajudar quem cai, porque podem nao ter forca pra se levantar, e hoje sao eles, mas amanha posso ser eu ou seres tu. E se nos nao estivermos la pra eles, quem e que vai la estar pra nos?
O Mundo constroi-se todos os dias, um bocadinho de cada vez.
Stop the world, I wanna get out!
Há 16 horas
8 comentários:
Parabens pelo post!
Eu concordo em grau, numero e genero.
Se houvesse mais gente a reclamar quando tem razão, sem se acomodar ou ter medo das represalias este pais estaria bem melhor!!
Isa
Aí estou contigo. Reclamar, exigir, ajudar, sempre.
Palmas pra ti carago!!!
É assim mesmo!
O problema é que nos calamos, esse é que é o problema! Eu sou um bocado peixeira, mas tenho que ser ainda mais!
Apoiado.
"Há que"isso tudo. TUDO!
Mais uma vez concordo perfeitamente. Seja em que país for o respeito pela dignidade de qualquer ser vivo é um valor pelo qual todos nos deveriamos reger.
Acho que como parte integrante de qualquer sistema devemos reclamar e alertar para o que está incorrecto, para o que é injusto, mesmo que isso muitas vezes não nos leve a lado algum, o importante é não deixar em branco.
O que mais confusão me faz é que estamos numa sociedade a envelhecer a passos largos. Faz mais sentido pensar que cada vez mais o futuro pertence aos mais velhos e não só aos jovens.
Também faz mais sentido pensar que temos um País com um elevado número de acidentes de viação, que as doenças existem e que vão tendo mais curas com alguns 'efeitos secundários', etc, etc, etc.
Por tudo isso e mais qualquer outra coisa deviamos ter direito, respeitar e exigir os melhores serviços, acessos, educação cívica para tudo e todos.
Lá está, se hoje falam do alto...amanhã quem sabe, se não gritam baixinho :P
Como uma vez já referi, hoje em dia é obrigatório ter um plano de acessibilidades para cada novo projecto. Acho muito bem. O ridículo da situação é que se o edifício fica bem resolvido nesse aspecto, o mesmo não se pode dizer do acesso pela via pública ao mesmo. Só de táxi à porta...e mesmo assim não é garantido!
EH LECAS!
Não te cales não que eu gosto de te ler!
CK, é tudo tão verdade! Se todos fossem como tu o mundo era sem dúvida, muito melhor. Bjs
Enviar um comentário